Quebra cabeças
Já é mania aqui em casa, no período de férias montarmos um quebra-cabeça. Espalhamos a peça em uma mesa e vamos montando um pouco por dia. No início é sempre muito difícil, pois nada se encaixa em nada. São centenas e centenas de peças. Dá até vontade de desistir.
Olhando para aquele quebra-cabeça fiquei pensando em nossa vida, nos problemas que acontecem com a gente, os quais achamos ser indissolúveis. São peças desconexas que insistem em não se encaixar.
Dia desses, nesse finalzinho de dezembro/2006, enquanto conversava com minha irmã, pude vislumbrar uma imagem muito bonita, como num quebra-cabeça, cujas peças estavam se encaixando perfeitamente, pois ali Deus atuou.
Tudo aconteceu em abril/2006. Tive uma notícia que abalou as minhas estruturas, ou melhor, de toda a minha família. Lembro-me do semblante grave do médico dizendo que minha mãe tinha algo muito grave e que enviaria o material coletado na endoscopia para uma biópsia. Na sexta feira, foi confirmado: era câncer no estômago e ela precisaria ser operada urgentemente. E eu, recebi aquela informação e precisaria compartilhar com minhas irmãs. Que tristeza! que peso! Primeiro contei para a minha irmã casada, a Neusa. Choramos muito. Não tinha coragem de falar com a minha irmã solteira, a Cidoca, pois ela mora com minha mãe e é muito apegada à ela, apenas disse que era um tumor maligno e que precisava ser retirado. Três dias, antes da cirurgia, lá estava eu dizendo para minha irmã Cidoca que nossa mãe tinha um câncer no estômago. Foi difícil demais, pois ela chorava muito... não havia associado uma coisa com a outra. Oramos muito, choramos muito, muitos oraram também. A igreja orava. E lá foi a nossa mãe para o hospital. Lembro que no dia da cirurgia, resolvemos parar no subsolo da IEVY para orarmos. Ali travamos uma luta espiritual. Eu pensava dentro de mim: preciso de uma palavra bíblica em que eu possa orar e me veio em mente o rei Ezequias. Pronto! Orei em cima disso... Interessante que próprio médico achou por bem nunca dizer para minha mãe que ela tinha câncer. Sempre que a consultava, dizia que era uma grande úlcera e que precisava ser eliminada. Então, lá estava eu pedindo a Deus a eliminação dessa grande úlcera e também clamando para acrescentar mais uns anos para minha mãe. Clamei, chorei, pedi... E por fim, a cirurgia foi um sucesso. Graças a Deus.
Mas o problema do câncer é o depois... as quimioterapias, radioterapias, etc... E lá foi a nossa mãe. Ela sentia-se muito mal e dizia: - Isto esta me matando. Eu não vou fazer mais isso, senão vou morrer e eu sei que Deus me curou.
Lá fomos nós, cancelar o tratamento. O médico acatou a resolução dela, mas pediu uma batelada de exames.
- Mas não constaram nada.
Inconformado ele pediu outros exames.
- Mas não constaram nada.
E foram meses e mais meses de exames de sangue, tomografias, ultrassonagrafias, cintilografia, e muitos outros que nem lembro mais o nome. Desta última vez ele pediu para ela passar com outro médico e levar todos os exames:
- Este último médico analisou e disse: - Não tem nada. Diga para o onco que a paciente dele não tem nada. Apenas um problema na coluna, próprio da idade, o qual ele passou uns remédios.
Quando vejo a nossa mãe, no velho supermercado Gerações, fazendo as compras dela ou na rua da feira, comprando verduras e frutas, meu coração se enche de alegria e gratidão a Deus em ver o seu vigor. São 76 anos. É claro que um dia Deus irá levá-la, mas lhe aprouve dar mais um tempo de vida.
E assim é a nossa vida... como num quebra-cabeça, que muitas vezes é difícil vislumbrar o todo. Em abril me senti como uma cega, tateando em meio à situação e isso me faz lembrar um texto o qual tenho meditado nestes dias:
Depois de cuspir nos olhos do homem e impor-lhes as mãos, Jesus perguntou: Você esta vendo alguma coisa?
Ele levantou os olhos e disse: Vejo pessoas, elas parecem arvores andando. Mas uma vez Jesus colocou as mãos sobre os olhos do homem. Então seus olhos foram abertos; e sua vista lhe foi restaurada, e ele via tudo claramente. Mc. 8:23-25
Muitas vezes não enxergamos absolutamente nada. Até que Jesus vem e intervém e enxergamos partes, embora meio confusas, mas Jesus vem novamente ao nosso socorro e tudo vai se encaixando, aquele problema vai sendo solucionado, começamos a enxergar o todo e somos abençoados, restaurados e vemos as coisas claramente.
Obrigada a todos que oraram, choraram comigo, me abençoaram. Muita luz de Jesus para você em 2007, pois a vereda do justo é como a luz da aurora que vai brilhando até ser dia perfeito.
Em Cristo
Autora: Lina
Aurelina Silveira Ramos