Um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo Ubuntu e, quando
terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o
aeroporto de volta pra casa. Como tinha muito tempo ainda até o embarque, ele
propôs, então, uma brincadeira paras crianças que achou ser inofensiva. Comprou
uma porção de doces e guloseimas na cidade, colocou tudo num cesto bem bonito
com laço de fita e colocou debaixo de uma árvore. Aí ele chamou as crianças e
combinou que quando ele dissesse “já!”, elas deveriam sair correndo até o cesto
e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro. As
crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e
esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse “Já!” instantaneamente todas as
crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto.
Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes. O
antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas
juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar
muito mais doces. Elas simplesmente responderam: –Ubuntu, tio. Como uma de nós
poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes? Ele ficou pasmo.
Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo e ainda não havia
compreendido, de verdade, a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma
competição, certo? Ubuntu significa: “Eu sou porque nós somos” ou, em outras
palavras “Eu só existo porque nós existimos”. “Como uma de nós poderia ficar
feliz se todas as outras estivessem tristes?” A resposta singela da criança, é
profunda e vital pois está carregada de valores como respeito, cortesia,
solidariedade, compaixão, generosidade, confiança – enfim, tudo aquilo que nos
torna humanos e garante uma convivência harmoniosa em sociedade.
http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/ubuntu-o-que-a-africa-tem-a-nos-ensinar/
- Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues


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